sábado, 22 de janeiro de 2011

d´Arte – Conversas na Galeria XVI

[Postado por A.Tapadinhas]


Favela 0512 Díptico Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre 2 telas de 60x40cm
(clique sobre a imagem)

O meu amigo, Luís Santos, escreveu:

Morro acima cruzes, muitas cruzes. Feitas de pau. Como aquelas que se vêem em muitos cemitérios. No tombo dos mais frágeis o sonoro revela o ruído compassado de uma intermitente arma de guerra, como se de um sapateado se tratasse.
No meio do morro nasceu uma flor. E nasceu uma criança que se apaixona pela flor. É um pé de laranja lima.
Porque será que o morro está mais amarelado de um lado? Pela luz do sol, pela rotação do planeta. A indestrutível lei da natureza. Não fossem as sombras.

Respondi-lhe:

No alto do morro, nas favelas
nascem pés de laranja lima,
não nascem facas ou fuzis!
O sol que brilha nas janelas
aquece as sombras e a dor,
num bairro alegre ou tristonho.
Com ele fica a esperança
de quem nunca desanima
e acredita no sonho!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

d´Arte – Conversas na Galeria XV

[Postado por A.Tapadinhas]



Favela 2711 Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 100x110cm

Nas notícias de hoje na Televisão, sobre as cheias no Brasil, li num cartaz escrito à mão, captado por imagens de helicóptero:
- Cinco pessoas ainda estão soterradas aqui.

Mais um “Momento Constrangedor”, como salientou, por outro motivo, o ilustre académico, Jorge Lemos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

d´Arte – Conversas na Galeria XIV

[Postado por A.Tapadinhas]



Acabei de colocar no meu blogue, Sem Margens, esta pequena homenagem à memória de Malangatana, o mais prestigiado pintor moçambicano:

Malangatana
Quando estava a preparar nova entrada, tive notícia da morte de Malangatana. Não podia ficar indiferente. Admiro o pintor, tive o privilégio de o conhecer e ficar seu admirador e amigo.
Tenho para mim que a melhor maneira, talvez a única, de homenagear um artista é apreciar a sua obra. Por isso, aconselho vivamente quem me lê, a ver ou rever, algumas das suas pinturas ou esculturas. Malangatana era, é, um dos mais prestigiados pintores mundiais da actualidade, que com a sua morte deixou mais pobre o mundo lusófono. Na Casa da Cerca, em Almada, está patente uma exposição de obras do artista.
Muito novo, foi preso pela PIDE, juntamente com outros “perigosos” elementos, como, por exemplo, José Craveirinha, por pertencerem à “organização terrorista FRELIMO”. Saliento este facto da sua vida porque dentro da grandeza do seu coração não cabia o ressentimento e muito menos o ódio. É Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, foi galardoado pela Unesco, pela Holanda, na confirmação do seu princípio que a cultura não tem fronteiras e deve ser encarada com dignidade por todas as raças.
Como ele dizia, a cultura é mulata.