sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

BARBEIRO DE... MOITA

[Postado por A.Tapadinhas]


Hoje de manhã fui cortar o cabelo, que significa, não só, o que dizem as palavras, mas também, falar sobre o nosso Benfica (meu e do barbeiro) e passar a vista pelos jornais desportivos. Ao ler as grandes no Record chamaram-me a atenção alguns títulos, como, por exemplo: “Avançado fatura” e “Encarnados recetivos”. Tinha a ideia que o acordo só entraria em vigor para as calendas… e fui ver. Então, confirmei que o Acordo Ortográfico entra em vigor em 1 de Janeiro de 2009, mas que existirá uma fase de transição onde a ortografia actual e a nova coexistirão entre 1de Janeiro de 2009 e 31 de Dezembro de 2012. Confirmei também que o jornal adoptara já, como o Brasil, o novo acordo. E, assim, logo no primeiro dia, foi possível ler títulos como "Com um adversário direto (em vez de directo)", "Audácia e espírito coletivo (em vez de colectivo) " e "Quatro milhões de espetadores (em vez de espectadores)".
O Desporto sempre na frente do progresso de Portugal!
Acham que faz algum sentido atrasar tanto a implementação do acordo?
Até parece que é para nunca entrar em vigor!

14 comentários:

Anne M. Moor disse...

espetadores = os que espetam

espectadores = os que assistem

Os jornais estão com alguns probleminhas me parece (ou seria parece-me) :-)

Hahahahahahaha
Beijos

Ernesto Dias Jr. disse...

Isso dá uma idéia da imbecilidade da academis brasileira de letras ao justificar o injustificável. No Brasil espetador é quem espeta, nada mais. Quem assiste é espectador. E assim continuará, porque a reforma ortográfica deste lado do oceano não exige - nem preconiza - a queda da letra muda. Ou seja: vocês portugueses tiveram seu idioma mutilado somente para satisfazer o ego de um bando de desocupados.
Esse é um exemplo de alteração que separou em vez de unificar. Interessante, não?

Volto a insistir: Mais engenheiros e menos profissionais de "umanidades".

Ernesto Dias Jr. disse...

Em tempo:

Um grande abraço no seu barbeiro, uma espécie em extinção nesta terra de Cabral.

A.Tapadinhas disse...

Nós, por enquanto, não temos nenhum problema (lembras-te do Carlitos que escrevia das duas maneiras para não se enganar?): podemos provar um fato ou um facto, que está corre(c)to...
Coitados dos profs... infelizes dos alunos...
Beijo com grafia portuguesa.
António

A.Tapadinhas disse...

Ernesto: Os mudos são grande parte dos brasileiros e portugueses que se estiveram borrifando para o que foi acontecendo ao longo dos anos nos encontros das Academias de Ciências de Lisboa e de Letras do Brasil! Em 1943, Portugal e Brasil, reuniram-se em Lisboa e resolveram uniformizar os vocabulários (A.O. de 1945) que só entrou em vigor por cá. Em 1986, no Brasil, novo encontro que resultou em nada. Em 1990 chegam todos os países da CPLP a acordo (Timor em 2004) para a
uniformização.
Resumindo: Até ao final de 2008, Brasil era o único País que se regia pelo acordo de 1943 e todos os outros pelo de 1945. Agora, é o surrealismo: Quem vier atrás que feche a porta...
Falando de coisas mais interessantes: a filha do meu barbeiro tem um "Salão de Beleza" uni sexo (por que não assexuado?), num daqueles Centros Comerciais modernaços. Se o assunto vem à baila (não falamos só de futebol: quando queremos rir falamos de política ou de acordos), ele espanta-se como é que alguém é capaz de pagar à filha para cortar o cabelo...
Um abraço, amigo.
António

Ernesto Dias Jr. disse...

Agenda-me um corte de cabelo (com a filha, não com o pai) para quando eu for a Portugal.
Deverá ser logo, enquanto cabelos tenho.
E me ocorre um trocadilho infame, aproveitando a balbúrdia em que se está transformando a língua portuguesa:
Chama-se a moça Eletra por fazer corte ao próprio pai?

A.Tapadinhas disse...

Ernesto: O meu barbeiro tem mesmo uma navalha daquelas, mas podes vir descansado que eu não vou contar esse trocadilho infame, disseste, delicioso, acho eu...
Abraço.
António

Flavio Ferrari disse...

Esse negócio de ir tirando o "c" sem maiores considerações é perigoso.
Os espectadores agora espetam.
Mas o que acontecerá com o delicioso Nectar das flores ? Com a beleza das imagens Pictóricas ? Com os doentes de Icterícia ? Com os pobres Técnicos do futebol ?
E o pior ... com as falhas Tectônicas ?????

A.Tapadinhas disse...

Flavio: Tínhamos a norma brasileira e a portuguesa e agora passamos a ter mais uma: a dos burocratas. Poucas dificuldades tivemos até agora para nos entendermos; agora as dificuldades depois de vencidas, passarão a empecilhos, que eliminados se transformarão em contrariedades, com tendência a serem estorvos, para não falar nos contratempos, que trarão as objecções, que não prevêem as adversidades, que conduzirão a impedimentos, trazidos pelos entraves, com o óbice de causarem o revés de quem sabe que o bom e o óptimo são inimigos, mas que bom e o ótimo serão grandes amigos.
Ou seja: espero não ver os burocratas da língua a assinar, com pompa e circunstância, o Desacordo de 2012!
Abraço.
António

Anne M. Moor disse...

Aliás, já que não tinham mais nada de produtivo pra fazer, eles podiam ter abolido TODOS os acentos como em inglês, while they were at it!!

Fui ler o acordo em relação aos encontros consonantais com p e c e na realidade, pelo que entendi, "no falar culto" pode-se manter o encontro em ALGUNS casos!!!!!!!! E isso é regra??????????????????????????? O bom senso irá me conduzir!!!!

A.Tapadinhas disse...

Anne: Desisti de tentar entender: o que for soará... o último que feche a porta...
Beijo.
António

Flavio Ferrari disse...

Anne: essa é a melhor das regras.

Raquel Neves de Mello disse...

Como nao vou prestar vestibular, continuo com o meu Portugues. Sem acento, sem frescura, sem acordo.

Anônimo disse...

Antonio Amigo.
Solicito dar um pulo ao blog
do Ernesto e ler o que lá deixei.
Estou tendo dificuldade em postar
em seu blog.
Abraço amigo do
Jorge Lemos