domingo, 10 de fevereiro de 2008

Do fundo do quintal

[Postado por Flavio Ferrari]

Andei pensando sobre a influência do pai e da mãe na capacidade de amar das pessoas.
Tenho a impressão que com o amor da mãe adquirimos a fé na possibilidade de amar e ser amado.
Da força do pai vem a possibilidade de amar o sexo oposto, tanto no caso das meninas como dos meninos, por caminhos diferentes.

17 comentários:

Anne M. Moor disse...

Gostei desta discussão proposta. Acho que estás partindo de uma visão de mãe - mulher, ser mais fraco, fé, amor... - e de um pai forte. O que é forte? Nem todo pai é o indivíduo forte numa família... Explica melhor essa tua visão...

disse...

Flavio:
Eu já li alguma coisa parecida com essa relaçao ao amor de mãe.
Acho que faz todo o sentido.

disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flavio Ferrari disse...

É sempre mais divertido não explicar muito ... abre possibilidades nas quais não pensei ...
Mas, vá lá ...
Não quis fazer um contraponto desse tipo. Apenas apontei as características mais relevantes, o amor da mãe e a "força" (no sentido de presença independente e coerente)do pai.
A mãe pode ser forte e o pai amar muito, mas creio que é o contrário que não pode faltar.

Anne M. Moor disse...

Será? É algo que sempre tem me preocupado um tantão... Acho que tanto mãe qto pai tem seus papeis nessa equação, mas o que acontece qdo um dos dois (qquer um) não existe?

Anne M. Moor disse...

tá faltando um bom cálice de vinho aqui pra discutirmos isso...

Walmir Lima disse...

Bem... Anne, pois então eu trago aqui algumas taças e uma boa garrafa de Château Petrus, um belíssimo Bordeaux, safra 2000, para começarmos e agradecer ao Flávio, por, mais uma vez, trazer um tema interessante e dar-nos a oportunidade de dizer nossas coisas.

Então, sentemos-nos nesse fundo de quintal pra prosear um pouco... vinhozinho na mão...

O meu caso é, mais ou menos, o que você citou, pelo menos em dois períodos distintos e duas situações distintas.

Não conheci meu pai e fui criado por minha mãe, Dna. Francisca (Chiquita), que é o típico exemplo de pai e mãe em uma só pessoa.

Força e amor, pulso firme e carinho dosados em boa e adequada medida. É meu ponto de referência; a dualidade da sensibilidade e da razão dessa mulher, que, autodidata, tocava violino quando jovem, na mais fina arte (me passando toda esta sua sensibilidade), e criou, com pulso firme e sozinha, 4 homens, entre filhos e sobrinho, como um pai austero, como cabia naqueles tempos difíceis.

O toque curioso dessa história é que, por uma dessas conjunções astro-cósmicas, que alguns podem chamar de coincidência, justo nos últimos anos da vida de mamãe, e eu já nos 60 anos de idade, vim morar muito próximo desse Senhor Jorge Lemos, e ter a chance de voltar a conviver mais e melhor com ele, para ter uma linda relação pai-filho, como a nossa.

Eu não poderia ter conhecido pai melhor; que, juntamente com sua Estephania, faz mistura inversa de pai-mãe, tamanha a sensibilidade, sabedoria e personalidade forte desse homem.

Walmir Lima disse...

Só queria concluir dizendo da grande afinidade que tenho com o Jorge em quase tudo, música, literatura, política, e tudo o mais.
A maior parte do tempo, a gente se comunica por telepatia, ou melhor, ELE lê meus pensamentos... e sorri de canto de boca. Quando eu vou com a farinha, ele já voltou com o pão (a tempos).

Érica Martinez disse...

Tenho pensado, escrito, falado MUITO sobre esse assunto... Acho que na hora em que colocarmos os pingos nos 'is' na nosssa própria cabeça a respeito de como e porquê nos foi passado tal conceito de amor no decorrer da vida, estaremos prontos para amar da nossa própria maneira, misturando um pouco de um, um pouco do outro... Mas até isso acontecer... Quaaaanto vinho vamos tomar, hein?!

Udi disse...

Adorei a proposta para reflexão!
...um milhão de idéias! Vou organizar e te contar depois, pode?
beijo

Anne M. Moor disse...

Obrigada pelo vinho Walmir e pela reflexão. No teu caso o amar e ser amado pela mãe veio junto com a força dos ensinamentos igualmente da mãe.
Na minha visão, Érica, ninguém "nos passa conceitos de amor" - não é algo de passar um pro outro. É sentindo e experienciando o amor, seja ele como for, que acabamos construindo nossos conceitos de amor, algo tão difícil de definir, mas tão gostoso de sentir e dar.

Walmir Lima disse...

Em tempo: onde escreví "a tempos", por favor, leia-se "há tempos".

Jorge Lemos disse...

Doar-se é ato imperativo.
Transcende como ser aquele que se doa independente dos laços sanguíneos. A vida é construida por permanentes trocas. Para um encontro a distancia deve ser percorrida em sentidos oposto para o encontro no meio. Esgota-se menos quando seres caminham as mesmas distâncias.

Amor é energia que se transmite e se absorve. Doa-se para ser também absorvido.

Gostei do tema. A manifestação carinhosa do filho Walmir
nos contagia pelo que de real existe: nós, eu e Estephania amamos este cara.

Amélia disse...

Não acredito que o pai ou a mãe tenham um papel específico, pré-definido...

Acredito sim que a criação é sábia!! Duas pessoas, sempre diferentes, muitas vezes opostas e amando uma mesma pessoa, cada qual do seu jeito, sem melhor nem pior...

O que aprendemos? É que podemos amar e ser amados de diferentes formas...

E se não o temos (o pai e/ou a mãe)? Aprendemos a amar o que não vemos, apenas sentimos...

Adorei a discussão... Mesmo chegando tarde!!

Beijos

Anônimo disse...

Como aqui em casa os dois amores estão por minha conta, acho que acabei desenvolvendo, de maneira inconsciente, uma coisa meio assim: Um "amor de mãe mais masculino" junto com um "amor de pai mais feminino", nada muito medido nem planejado. Será uma boa influência? Não sei, mas é a "influência" de que sou capaz.

Suzana disse...

Durante minha vida já tive vários pais e mães .Amigos que nos educam,nos dão bronca,nos pegam no colo,nos dão dicas e nos deixam caminhar.Amigos pais e mães que caminharam e caminham comigo.
E eu,permito-me ser,também,pai e mãe de outras várias pessoas.

Flavio Ferrari disse...

Discussão interessante.
Eu imaginava que iria agitar um pouco esse nosso ninho de descasados.
Mas independentemente da forma, e mesmo considerando que nos esforcemos para cumprir os dois papeis, acho importante que a gente, principalmente quando criança, tenha boas referências masculinas e femininas.