terça-feira, 28 de outubro de 2008

A crise do sistema financeiro 2

[Postado por Flavio Ferrari]

Numa contribuição da Rossana (que recebeu através de sua internetwork), uma excelente explicação para o começo da crise.
Melhor do que a minha. Vivendo e aprendendo.
Aliás, parece coisa do Ernesto...


Biu, os bebados e os zécutivos da Vila Carrapato

O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender
cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase
todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço
da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços
pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em
curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar
constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro
ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais
recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS
ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o
que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de
capítais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F,
cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu
Biu ).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulossérios,
com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm
dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E
toda a cadeia sifu.

5 comentários:

Jorge Lemos disse...

Moral da História:
Nunca houve moral no meio financeiro porque sempre quem paga a conta é o otário que trabalha
para sustentar o vicio do jogo
nas bolsas do mundo.
Agora todos si fu mesmo... incru nóis.

Jorge Lemos disse...

Principe
Genial história

Udi disse...

Já estava sentindo a sua ausência...
Perfeita essa historinha, até eu entendi de primeira!
Consigo até perceber o ponto exato onde a fdp...ice acontece: é bem quando alguém resolve lastrear a pindura dos bêbidos da V.Carrapato, não é?
Daí, aquilo que a gente conhece como dinheiro-de-pinga vira isso aí - acrônimo? - valendo uma grana preta que alguém comprou e quem vendeu embolsou a diferença.

Ernesto Dias Jr. disse...

Uma coisa é certa:
Swap reverso em mercado de câmbio futuro não é mesmo coisa de bêbado???
Genial. No pum intended.

Udi disse...

pô Ernesto, agora que eu pensei que tivesse entendido tudo você me aparece com esse swap seiládasquantas?!