quarta-feira, 1 de julho de 2009

Carpie Diem

[Postado por Carol Dias]

Artigo da Revista Exame: Carpe Diem

Por Adriano Silva 04/06/2009


Aí um dia você toma um avião para Paris, a lazer ou a trabalho, em um vôo da Air France, em que a comida e a bebida têm a obrigação de oferecer a melhor experiência gastronômica de bordo do mundo, e o avião mergulha para a morte no meio do Oceano Atlântico.
Sem que você perceba, ou possa fazer qualquer coisa a respeito, sua vida acabou.
Numa bola de fogo ou nos 4 000 metros de água congelante abaixo de você naquele mar sem fim.
Você que tinha acabado de conseguir dormir na poltrona ou de colocar os fones de ouvido para assistir ao primeiro filme da noite ou de saborear uma segunda taça de vinho tinto com o cobertorzinho do avião sobre os joelhos.
Talvez você tenha tido tempo de ter a consciência do fim, de que tudo terminava ali.
Talvez você nem tenha tido a chance de se dar conta disso.
Fim.
Tudo que ia pela sua cabeça desaparece do mundo sem deixar vestígios.
Como se jamais tivesse existido.
Seus planos de trocar de emprego ou de expandir os negócios.
Seu amor imenso pelos filhos e sua tremenda incapacidade de expressar esse amor.
Seu medo da velhice, suas preocupações em relação à aposentadoria.
Sua insegurança em relação ao seu real talento, às chances de sobrevivência de suas competências nesse mundo que troca de regras a cada seis meses.
Seu receio de que sua mulher, de cuja afeição você depende mais do que imagina, um dia lhe deixe.
Ou pior: que permaneça com você infeliz, tendo deixado de amá-lo.
Seus sonhos de trocar de casa, sua torcida para que seu time faça uma boa temporada, o tesão que você sente pela ascensorista com ar triste.
Suas noites de insônia, essa sinusite que você está desenvolvendo, suas saudades do cigarro. Os planos de voltar à academia, a grande contabilidade (nem sempre com saldo positivo) dos amores e dos ódios que você angariou e destilou pela vida, as dezenas de pequenos problemas cotidianos que você tinha anotado na agenda para resolver assim que tivesse tempo.
Bastou um segundo para que tudo isso fosse desligado.
Para que todo esse universo pessoal que tantas vezes lhe pesou toneladas tenha se apagado. Como uma lâmpada que acaba e não volta a acender mais.
Fim.
Então, aproveite bem o seu dia.
Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis.
Não deixe nada para depois.
Diga o que tem para dizer.
Demonstre.
Seja você mesmo.
Não guarde lixo dentro de casa.
Não cultive amarguras e sofrimentos.
Prefira o sorriso.
Dê risada de tudo, de si mesmo.
Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons.
Seja feliz.
Hoje.
Amanhã é uma ilusão.
Ontem é uma lembrança.
No fundo, só existe o hoje.

Li primeiro aqui.

2 comentários:

Helô Müller disse...

Belíssimo texto e super verdadeiro, nos deixando claro a efemeridade do tempo e de nossas vidas ! Dura realidade, mas que nós pobres mortais, temos de encarar ...

Engraçado, é que eu já o havia lido no profile de um amigo lá no Orkut, em que, inclusive, eu fiz questão de parabenizá-lo por tão belas palavras, já que ele simplesmente postou sem atribuir à real autoria ... ( e o pior é que ele agradeceu aos elogios, é mole ? rs)
Taí ... fica aqui a sugestão de quem queira aventurar-se a escrever algo sobre esta enxurrada de "Co-autorias" que assolam os "Orkuts" e "Blogs" da vida ! ( que tal RM ?? rs)
O povo na maior cara de pau, "se apossa" dos escritos alheios, ( e olha que não fazem por menos não, já que escolhem os "The Best"!) e saem por aí, com um tal de "By fulano de tal" e pronto !
( leia-se fulano de tal, o "porópio", é claro !!)
Considero este tipo de "roubo intelectual" uma afronta !! Sempre tive como cuidado, em qq postagem que faça, preservar e valorizar a autoria ! É o mínimo que podemos fazer por seres tão especiais, que só nos acresceram em beleza e sabedoria, através de suas poesias e escritos ...
Sinto a maior dificuldade e constrangimento em deixar elogios, sem saber se estão indo pro "falso ego" do autor da postagem, ou a quem de direito ! É mole ??
Beijos a todos q aqui participam divinamente !
Helô Müller

Carol Dias disse...

Eu sempre faço isso. Acho importante dar os créditos a quem realmente merece. E quem me conhece sabe que eu não teria criatividade suficiente pra escrever tão bem! rs.. Obrigada pelo comentario.