Busque Amor novas artes, novo engenho
Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.
Luís de Camões
terça-feira, 10 de junho de 2008
Dia de Camões - uma homenagem...
[Postado por Anne M. Moor]
Postado por Anne M. Moor às 6:57:00 PM
Marcadores: Anne
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10 comentários:
Hoje é dia de Camões, feriado em Portugal. Deixo aqui um soneto dele que eu adoro para que se deliciem.
Beijos camoneanos :-)
Gosta tanto desse, que ja deixei lá no Assertiva uma vez.
E esse,conhecidíssimo, é também lindo...
Agrego minha homenagem.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luiz Vaz de Camões
Camões é verdadeiramente Camões... E o amor cantado sempre...
Curioso! A minha postagem final do Largo José Maria dos Santos, também teve a ver com Camões!
Erros meus, má fortuna, amor ardente...
Ninguém pode dizer que ele não viveu intensamente... e disso nos deixou, maravilhoso testemunho!
Beijo.
António
curioso como é válido olhar várias vezes para um mesmo texto/poema/música e em cada vez, perceber algo que mais se encaixa com a situação do dia, né?
"Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças..."
"Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê."
"É querer estar preso por vontade;
É ter com quem nos mata lealdade."
Érica,
e
"..é servir a quem vence, o vencedor..."
Ah, é demais né?
Bjao.
Camões nos deixou um legado e tanto e como diz o António, a intensidade de sua vida perpassa tudo que ele escreveu. A cada vez que se lê, aprende-se mais um pouco...
Beijos a todos
"Quem não sabe a arte não a estima."
Camões
Vai fazer soneto assim lá na...
Ernesto, Lá em Portugal :-) Fera é fera SEMPRE.
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