Ilustração: tela de António Tapadinhas, Outono, da série 4 estações
Relendo cada uma das postagens que compõem esta série (MZ I, MZ II, MZ II-a e MZ III) notei que sempre pontuo minha surpresa com a receptividade de todos vocês, queridos, da aldeia blogal.
Ocorre que na última postagem (Momento Zen III), não só me surpreendi mas também me assustei com as pessoas me perguntando “como medita?/ como se faz prá acessar o ‘estado essencial da mente?'/ como ‘treinar’ a mente?” e daí que – quase pega pelo próprio ego diabólico – me vi ‘raciocinando’ na tentativa de ensaiar respostas a essas perguntas.
Magina, gentes! Daí acordei, né? ...ou, algo me acordou e disse: “Bem, minha cara, olha só que bacana! As pessoas se interessaram pelo assunto e agora podem, assim como você, cada qual procurar o melhor caminho caso queiram se aprofundar no assunto.”
“caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar.”
Antonio Machado
No entanto, esse "algo" que me acordou acima também me diz que não poderia encerrar a série assim, deixando perguntas no ar. Então, como a idéia é reproduzir trechos do livro (O Livro Tibetano do Viver e do Morrer) de um autor (Sogyal Rinpoche) especialista em meditação e práticas relacionadas, escolhi um trecho desse livro em que o autor, de maneira poética, descreve como praticar meditação e também (como não poderia deixar de ser) uma canção em que Gil, de forma mais poética ainda, descreve a sua própria experiência de meditação.
A Prática da Presença Mental
"A meditação consiste em trazer a mente de volta para casa, e isso se conquista primeiramente pela prática da presença mental. Uma vez uma mulher veio até Buda e lhe perguntou como meditar. O Buda lhe disse para ficar consciente de cada movimento de suas mãos enquanto tirava água do poço, sabendo que ela logo entraria naquele estado de atenção e calma cheia de espaço que é a meditação. A prática da presença mental, de trazer de volta para casa a mente dispersa e assim colocar em foco diferentes aspectos do nosso ser é chamada “Permanência Serena”."
E ainda, para que não fique mais longo, mais um pequeno trecho onde o autor destaca a experiência da meditação independente de um determinado “método”:
"A verdadeira glória da meditação reside não num método qualquer, mas na sua experiência viva e contínua do presente, na sua bem-aventurança, claridade, paz e, mais importante que tudo, na completa ausência de apego. A diminuição do apego em você é um sinal de que está se tornando mais livre de si mesmo. E quanto mais experimenta essa liberdade, mais claro é o sinal de que o ego, as esperanças e os temores que o mantêm vivo estão se dissolvendo, e mais próximo você estará da generosa “sabedoria da ausência de ego”. Quando você vive nesse estado, não sentirá mais a barreira entre “eu” e “você”, “esse” e “aquele”, “dentro” e “fora”. Você terá chegado finalmente ao seu verdadeiro lar, ao estado de não-dualidade.”
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Momento Zen - Epílogo
[Postado por Udi]
Postado por Udi às 11:55:00 AM
Marcadores: Udi
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15 comentários:
Udi, saudade de suas postagens!!!
É realmente um assunto pra lá de interessante...
Tb não tenho nenhum conhecimento nessa área... Mas é sempre bom a gente ir tentado entender como funciona...
Fico com sua frase... Alias do Antonio Machado...rsrsrs
“caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar.”
Talvez meditando a gente aprenda a meditar...
Beijos, amiga!
Udi,
"A meditação consiste em trazer a mente de volta para casa..."
Que frase mais fantástica! Mas será que a gente consegue fazer isso?????
Música linda tbm...
Beijo
Já leu o "Elogio a Serenidade" do Norberto Bobbio? Acho que você ia gostar!
P.S.: Não foi hoje; eles vão me avisar quando vai ao ar, e aí aviso toooodo mundo de novo...UFF! Haja serenidade....haja meditação...rsrsrsrs
BJS!
A editora é a UNESP. Aviso, sim! Já está gravado, felizmente.
Ava linda!
Na mosca! O espírito é esse mesmo: meditar se aprende meditando.
beijos!
Anne:
será?
beijos
Chris:
o que achou da sugestão de ter a gravação da entrevista no Youtube e postar no Curiosa Identidade prá gente?
Mas volta aqui prá avisar quando vai ser na Ana Maria Braga, né?
Bjs!
Em outras palavras: a senhora cantou fino, afinou, amarelou, jogou a toalha, mijou pra trás, ops... rss
Discordo de tudo! A começar, e principalmente, da tentativa, mal sucedida, de se distanciar do SEU público. Ninguém tem tempo pra se interessar por nada; estamos interessados é no que VOCÊ tem a nos dizer. A receptividade à qual se referiu NÃO é gratuita; é resposta à sua delicadeza, bom humor, inteligência e generosidade.
Sugiro que a senhora providencie um posfácio...
Udi, não é para morder!!!!
Calma, muita calma.... é só suavidade...rsrsrs
O rm já está reclamando...rsrsrs
Beijos!!!
A melhor demonstração do interesse que desperta o assunto foi a pouca ou nenhuma importância que deram à ilustração...
:(
Fiquei com a impressão que depois de adquirir uns conhecimentos básicos fundamentais, cada pessoa segue o seu próprio caminho... Como o primeiro voo do pássaro ao sair do ninho... Como na pintura...
:)
Fico muito honrado por ter podido ajudar!
Amei!
Beijo.
António
Tapadinhas,
não falei que ninguém tem tempo pra nada?
Eu tinha reparado na pintura, belíssima, mas só agora liguei ao título (da tela): você é um craque!
como assim "encerrar a série"?? Agora que está ficando bom?
No mais, adoreeeei a idéia de prestar atenção nos próprios movimentos até "se elevar"... Vou prestar mais atenção nisso até perder a atenção... rá! ;-)
...toda vez que resolvo responder a todos em uma única janela de comment acaba dando m...
Vâmo lá, tudo de novo:
Érre Zen,
prometi uma explicação do porquê do "apelido" (Zen) e aí está: olhar atento, profundo... isso não é atitude meditativa? Prática da presença mental.
Quanto ao "mijar prá trás"... sabe aquela história do Freud sobre a inveja feminina do pênis? então, neguinho mineiro, quem me dera mijar prá trás! (que a Christina Montenegro não me leia! ...risos!)
Ava,
suavidade, minina... tá bom, tá bom! Já entendi.
E eu podia cantar assim: olê mulé rendêra, olê mulé rendá, tu me ensina a fazer renda, que eu te ensino a meditá... ou seria o contrário?! ou seria a pimenta? onde entra o ardido messss?! (...risos!)
beeeijos doces (mas você já provou geléia de pimenta? ...risos!)
António,
Eu não tenho a menor dúvida de que a imagem é metade do astral da postagem. Nem sempre o expresso em palavras é só o que está valendo.
Obrigada pela gentileza da imagem, querido!
beijo
É!rica-flor,
e não é isso mesmo?! ("até perder a atenção") Linda minina ixperrrta! Nem bem começou a análise e já tá arrasando!
beijos
C.
Você por aqui novamente! Olha só minha cara de feliz!
Então, minina... e não é o máximo essa história de poder ficar livre de si mesma? Afinal somos nós mesmas que nos aprisionamos. E, olha, longe de mim querer fazer "diagnósticos", mas considero todos vocês, owners de seus próprios blogs, muito mais desapegados que eu que não consigo criar coragem de ter o meu próprio. Sabe um ego que fica cheio de exigências? Querendo ter um blog "perfeito"? Deve ser por isso que eu não crio o meu próprio. Puro apego e submissão ao ego!
:)
beijos e bom sono!
Gafanhota ... não é o destino, mas a beleza da jornada que conta ...
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