por Vinícius de Moraes
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
"A gente não faz amigos, reconhece-os."
(gente, não sei se é dele mesmo o texto, e não sei se ainda está incompleto, mas é lindo demais!)
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Amigos
[Postado por Érica Martinez]
Postado por Érica Martinez às 11:05:00 AM
Marcadores: Erica
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7 comentários:
É lindo mesmo, Érica-flor!
Fiquei emocionada... os yogis não devem se deixar levar pelas flutuações das emoções, mas essas amizades recentes (assim como o estreitamento de amizades antigas) e que aconteceram de forma tão inusitada, mexem mesmo com as minhas emoções.
O amor pode ser mágico e único e assim não há posse, não há rivalidade... Há a possibilidade de surgir um outro, porém nunca será igual e desta forma, torna-se eterno!!!
Tanto os amigos, como os amores não são para serem guardados e sim para serem curtidos, cada qual da sua maneira!!
Tenho um amigo que diz que quando vc ama uma pessoa uma vez, ama sempre.Não deixa de ter razão.
Acho que é o mesmo enfoque da Ti, dito de outra maneira.
Oi amiga ...
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Lú, e quando se ama uma vez é capaz de amar todo mundo!
Amigos são indispensáveis na vida...
"Tanto os amigos, como os amores não são para serem guardados e sim para serem curtidos, cada qual da sua maneira!!" É Ti, tens toda a razão e tão bom que é curtir um amor...
Sim, é dele!
E é um dos retratos mais fiéis e corretos do que significa 'amizade'.
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