Se você descende de italianos, convive com eles ou os conhece bem, sabe que a primeira língua deles não é o idioma italiano.É o idioma das mãos..Eles gesticulam , sacodem, esticam e abrem tanto os braços que o espaço de uma saleta 2x2 é totalmente insuficiente pra 3 italianos parlarem.
Ao conversar com um espécime desses, percebendo que ele está entusiasmado, acautele-se afastando-se uns dois passos, pois você corre o risco de levar uns safanões inavertidamente, sem saber porque está apanhando. Entrar em elevador conversando animadamente com um então, nem pensar. É um perigo!
Agora, se ele tem afeto por você, conforme-se, pois não adianta afastar-se, ele se aproxima cheio de amor pra dar.Você começa enxergando aquelas mãos enormes e amorosas chegando mais e mais perto. Aí, meu bem, danou-se...
Se você for homem, sua força física é maior então seu sofrimento será menor, até porque com este gênero as demostrações de amor e carinho são uns tapões nas costas, que ouve-se o barulho lá na esquina.Não revide, eu garanto à você: é afeto. Quanto mais forte o tapa, maior o amor.
Mas, se você for mulher como eu,pode comprar uma base de um tom mais escuro que sua pele, para tapar os vergões porque os tapas são no rosto. Com as duas mãos, uma de cada lado:
_"MA, CHE BELA!!!!", e PLAFT no seu rosto. Duas, tres, quatro vezes seguidas até entusiasmo arrefecer. Aí vem o abraço com aquela força de urso e os beijos...Nessa altura você já está anestesiada e não sente mais dor nenhuma. Afinal, se for de descendência italiana , seus genes já despertaram e você está demonstrando a saudade da mesma forma.
Só aí entao começam a falar o idioma pátrio de acordo com o país que estão: italiano com sotaque inglês, italiano com sotaque japonês, italiano com sotaque libanês , grego, francês ou qualquer outro.
Porquel, você sabe , os italianos tem enorme "dificuldade" em demonstrar seus sentimentos. Nos velórios da minha família , quando todos se encontravam , ninguém sabia se aquilo era festa ou o que...Ao mesmo tempo que sofriam muito e demonstravam o sentimento pelo que partira, festejavam o reencontro com os que estavam vivos.
Ser descendente de italiano é viver numa festa.De alegria, almoços enormes, vinho com pão, vinho com sopa, vinho com tudo. É ter aprendido com eles não ter vergonha de demonstrações públicas de afeto , não ter vergonha de chorar, muito menos de rir. É ter aprendido também o valor do trabalho e a determinaçao quase obsessiva de um povo que chegou aqui agregando sua força de trabalho nas lavouras de café , e venceu apesar do momento histórico totalmente desfavórável.
Tenho muito orgulho de minha ascendência. A lembrança dos meus tios, tias e avós vem cheia de odores saborosos, de sons, de risos, de tapas , abraços, vozes altas e amor.
E eu como tenho meu quinhão nesse clã, e puxei-lhe os modos , não tenho nenhum motivo pra me arrepender por de não ter -lhes demostrado meu amor quando podia, porque , como eles, existe uma coisa que absolutamente naõ sei fazer: esconder e não declarar o que me vai no coração.
Obrigada a você Anne, pelo post (que me lembrou dos meus e me levou a escrever a crônica.)
Beijo pra todos.
15 comentários:
Aiiiiiiiiiii que delícia Lú!!! Maravilhosa crônica... Ernesto, é por isso que as tuas bochechas andam tão inchadas??????? :P
Que bom que te inspirei, Lú, continua escrevendo e sendo esta italiana porreta que és... Te adoro!
Obriga Anne, vc é uma das maiores incentivadoras de nós todos com seus comentários entusiasmados , positivos e sempre presentes.Aliás, vc é um presente.
Quanto às demonstrações dessa variedade de amor que mencionou, costumos manifestá-las de outra forma, embora tão intensas e expositivas quanto....(rss).
Bjos.
Lú! Que delícia de texto!!!!!!!!
Minha vó é italiana, "madonna santa"... Tudo que tem til ela fala "om": comprei pom, mamom...
Outro dia ela disse que um escorpiom a picou...
"Porca la pipa"
(vai saber o que isso quer dizer ao pé da letra..."
Já meu chefe, diz que qualquer hora vai amarrar minhas mãos pra ver se eu paro de falar, pq se não puder falar com as mãos... rrs
Lu...obrigada por compartilhar isso com a gente..eu vivo nesse meio de italianos e sei como é isso, já sofri muito por eles, pois como vc disse em um velório n se sabe se é uma festa ou não, e eu fui criada totalmente diferente deles(espanhóis)tudo muito sério(sem festança)...mas fui aprendendo com o tempo, pois a familia de meu marido me encostou na parede..ou aprende ou FORA da familia...aos trancos e barrancos to aprendendo, pois já 21 anos, sinal q me aceitaram...é tutti buona gente!!! BJ e bom domingo!
Pois é È(rss).Lá em casa sempre tinha o seguinte diálogo:
_Mas, tio Arthuro( italiano de 02 m. de altura), o senhor vai levar esse pernil assado inteiro pra fazenda,só pro almoço,pra comer sozinho?
_Non, com pon!!!!
Traduçao; Não , com pão...
PS: Hj é seu aniversário né. Parabéns e todos os meu beijos, sem tapas.
Estrelinha:
Mas, vc é tao afetiva quanto qualquer latina. Um bjo.
Ah Érica lembrei de mais uma: dois italianos(deviam ser seus tios), que não sabiam nadar e, se salvaram de um naufrágio indo parar na praia:
_Mas, Giuseppe e Luigi, como vcs conseguiram chegar aqui, se nem sabem nadar?
_ Ah!, nói viemo parlando parlando...
Lú... hahahahahahaha Tenho que ir pra Cuiabá!!!
Obrigada, mas posso ser presente, no entanto, não um presente... Tudo é uma ilusão (Acabo de ver O Ilusionista)...
Italianos e orientais convivem muito bem... nós de um jeito mais "prá dentro" e reservado que se complementa com essa expansividade toda dos italianos.
E aqui em São Paulo, somos todos um pouco italianos.
Delícia de crônica, Lu!
O Paolo postou uma matéria lá no Cronache di Bogotá (www.bogotalia.blogspot.com) mencionando que não foi encontrado nenhum italiano entre os muitos estrageiros apoiadores das FARC Colombianas ...
Também sou descendente de italianos (caso não tenham reparado). Falo com as mãos. Deve ser por isso que me dou tão bem com o teclado.
Lindo post Lucia. Estavamos com saudades de suas emoções ...
Imagina...
Ferrari...,ninguém percebe...
ah! e esqueci de contar que minha vó quando ouviu a propaganda do Warner Channel, perguntou:
"Filha, o que o moço falou: Buonna Gemma???" rsrsrsrs...
Anne:
Não só as bochechas. Tem um monte de coisa que só italiana faz.
Lu:
Vê se desencanta e escreve mais, né?
Que tal um conto, hein? hein?
Erica, sua vó é uma lindinha. Como ela chama? Fala que ela arrumou uma fã aqui na Net, e manda um beijo pra ela.
Ernesto:
Eu não sei escrever contos.Já tentei, não sai absolutamente nada.
É como poema, não adianta, eu não sei fazer.
Há uns 10 anos atráz(eu estava usando um brinco de penas),e um poeta me disse que eu fizesse um poema. Diante da minha negativa alegando não saber , ele disse:"Dá pra fazer poema pra qualquer coisa(assim como vc tb já disse), até pra esse brinco de penas que vc gosta tanto.Vou começar pra vc", e fez a primeira linha:
-"Gosto muito do meu brinco de penas"
Até hje não consegui fazer a segunda.
Só consegui comprar mais dúzias de brincos de penas.
Hora dessas o Ibama me prende.
Bj.
Gosto muito do seu brinco de penas
Quando os uso pra adornar
Os versos de meus poemas
ah gente........
*suspiro... rs..
Lú: a Dona Maria é da caçarola virada, viu, bem... Ela tem essas peculiaridades mas o signo dela é escorpiom... rsrsr
De qualquer maneira eu falo pra ela que ela tem uma fã e se vc tiver oportunidade, passa lá no Shee, outro dia eu escrevi sobre ela.
Bjoooooo
Adivinha qual é o meu Signo(rss)...
Postar um comentário